segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

FESTIVAL RONDA DE SÃO PEDRO

CRONOLOGIA DO FESTIVAL RONDA DE SÃO PEDRO
(*) Ramão Aguilar

VINTE SEIS EDIÇÕES PRODUZINDO A MÚSICA NATIVISTA EM SÃO BORJA

1982/Junho - A patronagem do Centro Nativista “Boitatá”, preocupada em intensificar as atividades promocionais, a fim de reforçar o clima festivo vivenciado pela comunidade, em função das comemorações dos 300 anos de “Fundação Histórica de São Borja” /1982. Incluiu na programação da 2ª Ronda de São Pedro o CONCURSO DE MÚSICAS JUNINAS, oportunizando, deste modo, a participação dos valores artísticos musicais da terra, porquanto a valorização do compositor letrista, musicista e interprete vocal, tendo sido levado a efeito na Sede Campeira “Geraldo Rodrigues", da Entidade. O nome do concurso determinava a temática única e os ritmos lembravam nossa música de extração sul-rio-grandense.
Nos anos subseqüentes a “Ronda” permaneceu na Sede Campeira, porém o festival de música passou a realizar-se na sede social da entidade sita na Avenida Francisco Miranda, 225, bairro do Passo.
O motivo da mudança de local da realização do concurso, que mais tarde também mudou de nome, passando a chamar-se FESTIVAL RONDA DE SÃO PEDRO, foi à falta de infra-estrutura para este tipo de atividade na Sede campeira, o que sobejamente existia na sede social: palco moderno com mais de 200 metros de área construída em salão com mais de 1600 metros. Uma vez que as apresentações musicais sempre foram realizadas à noite e se estendiam até a madrugada, havia a necessidade de melhor acesso e de condições de transporte para as pessoas que vinham e iam do centro utilizando ônibus, sendo este problema resolvido a partir de então.
Assim nasceu num momento histórico para o movimento Nativista do Rio Grande do Sul, pois nesta época que os jovens voltavam-se cada vez mais para os valores artístico-culturais de raízes, optando desta maneira pelo Movimento Nativista e, mesmo que os organizadores do festival pretendessem uma abrangência apenas local, desde 1º Festival houve uma característica regional, pois teve a participação daquele que nunca deixara de participar de todas as demais edições: "Grupo Parceria", da cidade de Uruguaiana, dirigidos pelos irmãos João e Adão Quintana Vieira.
A partir do 1º Festival, foi instituído o Troféu São Pedro, para premiar o 1º lugar, ou seja, a música campeã, confeccionado pelo artesão Ismar Dorneles da Rosa que mostrava em sua criação, numa única tora de madeira, o Santo dentro de uma capelinha, devidamente pilchado e com a estola (paramento religioso). As demais canções não recebiam premiação alguma.
Sua arte premiou os vencedores em diversas edições. Com o aumento no número de premiações, os troféus passaram a serem confeccionados pelo artista plástico Thadeu Martins (poeta, escritor, compositor e artista plástico).
1983, 1984, 1985 e 1986 – Junho - realizaram-se o Festival em sua 2ª, 3ª, 4ª e 5ª edições, já na sede social do Centro Nativista Boitatá. O precursor do Festival Ronda de São Pedro vai ocupando espaço na área da cultura musical sul-rio-grandense. Pequenino e despretensioso ia crescendo a cada edição, contrapondo-se a premiação modesta (quase inexistente), mas que aumentava um pouquinho a cada realização.

1987, 1988, 1989, 1990, 1991 – Junho - a partir da 6ª Edição em 1987 o Concurso de Músicas Juninas recebeu a denominação de “Festival Ronda de São Pedro” e, também, altera suas finalidades e objetivos sem, contundo perder sua identidade, pois, continua até os dias atuais premiando o "O Melhor Tema Junino". Porém, agora abrindo o festival, fugindo das polêmicas e linhas que, de certo modo, amordaçavam a criação poética e musical dos participantes.
1992 – Junho, em sua 11ª Edição o Festival passou a ter as doze composições finalíssimas gravadas em LPs, pelo Stúdio Máster Gravações Produções Ltda. A sonorização coube a PROVOX .
As músicas vencedoras formam as seguintes: 1º lugar, Sonhado Caminho de Miguel Bicca, Rodrigo Bauer, Juliano Bicca e interpretação de Cezar Lindemayer; 2º lugar: Cavalos do Tempo, de Thadeu Martins, Elton Saldanha e Juarez Chagas, na interpretação de Elton Saldanha; 3º Sol, Água e Pedras, de Miguel Bicca, Luiz Carlos Miranda Batista e Odemar Gerhardt e na interpretação de Cezar Lindemeyer; Melhor Tema Junino, Procissão João de Apparício Silva Rillo e Elton Saldanha, na interpretação de Elton Saldanha; Música Mais Popular, Cria do Pago, de João Pantalião Leite e Luiz Carlos Alves; Melhor Indumentária, Grupo Flor e Truco; Melhor intérprete Cezar Lindemeyer e por fim o Melhor Instrumentista foi o Ricardo Freire.
1993 – Junho - em sua 12ª Edição com ao lançamento do disco da 11ª houve um incremento na participação para o Festival que contou com a gravação de Bobby Studio com produção e direção geral do São-borjense Ricardo Freire e sonorização da Provóx Sonorização, fotro de Bira Azevedo e Capa de Pedro Conceição da Silva.
1994 – Junho – em sua 13ª Edição com gravação do Bobby Studio e sonorização de PROVÓX Sonorizações. A música campeã do Festival foi escolhida pelo público presente como a Mais Popular, Na Rodilha do Laço, uma composição de Kuka Pereira, Mário Bárbara e interpretação do saudoso César Passarinho; 2º lugar, Quando me Chamam de Índio, Letra de Rodrigo Bauer, música de Odemar Gerhardt, na interpretação de Cezar Lindemayer; 3º lugar Outras Rondas, composição de Darci Zuirtes, Jorge Prado, Jorge Freitas; Melhor tema Junino, Noites de Ronda.
1995 – Junho – 14ª Edição LP gravado pela Bobby Studio e sonorização da PROVÓX Sonorização. Foi a partir deste festival a instituição do troféu Apparcio Silva Rillo, a fim de premiar a Melhor Letra entre as doze composições finalíssimas, recebeu a referida distinção a Letra da composição Lições de Vida e Rio de Roberto Paines e Niriom Bernardes Machado. A grande vendedora trás por título A Milonga e o Milongueiro, composição de Paulo Flech, Mano Oliveira, na interpretação de Flávio Hassen; 2º lugar, Intrevero de Trova de Robson Barenho e Chico Sarat; 3º lugar Lições de Vida e Rio; Música Mais Popular, No Tom Maior do Uruguai; Melhor interprete, Ângela Gomes, Melhor Instrumentista, Sergio Wagner de Souza.
1996 – Junho – Em sua 15ª Edição a partir deste Festival que se passou a gravar a Ronda em CD com advento da nova tecnologia, isso serviu para marcar o avanço dos quinze anos de Ronda, embora o Compacto Disco ainda não estivesse polarizado. O disco foi gravado pela unidade móvel do Studio Máster de Santa Maria-RS. Neste ano foram premiadas as seguintes composições: 1º lugar, o Mate de Quem se Vai, letra de Rodrigo Bauer e música de José Lewis Bicca e interpretação de Pedro Julião e Os Angüeras, numa justa homenagem ao saudoso Apparício Silva Rillo; 2º lugar, Meus Caminhos, Letra de Luiz Carlos Miranda Batista, música e Odemar Gerhardt e interpretação de Cezar Lindemeyer; 3º lugar, De tua Janela, letra e música de Otorino Covolo e interpretação de João Quintana Vieira e o Grupo Parceria, música mais popular, Campeando Ilusão, letra de Dileta Dorneles, música de Jorge Dornelles e Interpretação de Ângelo Franco. Melhor Tema Junino, Ronda da Paz, Melhor intérprete, Cezar Lindemeyer e melhor instrumentista, Márcio Rosado.
1997 – Junho – 16ª Edição a grande campeã foi de Antigamente, letra, música e interpretação de Juliano Jawosky, sendo também premiada como a melhor letra, 2º lugar, Desassossegos, letra de Vainer Darde e música e interpretação de João Chagas Leite; 3º Lugar, São Borja Ainda Sou Tua”, letra, música e interpretação de Chico Sarat; música mais popular E Dia de São Pedro de Lira Covolo e Luiz Bastos, destacando-se como melhor tema junino; melhor instrumentista, Marcelo Caminha, melhor intérprete, Cezar Lindemeyer, que foi o primeiro a receber o Troféu Pimpim em homenagem ao cantor Carlos Moreno (Pimpim). Gravação do CD por Ricardo Freire numa gravação de Bobyy Studio.
1998 – junho – 17ª Edição a grande campeã foi Canto Negro, letra de José Antonio Pereira, música de Luiz Edgar Pereira e interpretação de João Quintana Vieira e os Tapejaras; 2º lugar, o Cantor e o Violão, letra e música de Raul Bósio,e interpretação de Analese Severo; 3º lugar, Golpes, letra de Carlos Omar Vilela Gomes e música de Evandro Zamberlam e interpretação de César Oliveira; melhor letra, No Entardecer de Minhas Esperanças, letra de Rodrigo Bauer; melhor interprete Anelise Severo, melhor instrumentista Marcelo Caminha e o premio de música mais popular coube a composição Solo Missioneiro, letra de Otorino Covolo, música de João Barbosa e Ventuir Cáceres, na interpretação de João Barbosa. O Selo é da Bobyy Studio.
1999 – Junho – 18ª Edição a música vencedora Herança, letra de Jorge Nicola Prado, música de Leandro Charrua e Jorge Nicola Prado na interpretação de Jorge Freitas, também premiada como a melhor letra; 2º lugar, Águas do Piquiri, letra de Miguel Bicca, música de Sabani de Souza e interpretação de Jorge Freitas; 3º lugar, Canto e Prece a São Miguel, letra de Sadi Ribeiro, música de Odemar Gerharddt e interpretação de Cezar Lindemeyer; música mais popular, Cortando o Brasil no Meu, letra de João Sampaio e Quinde Grande,música e interpretação de Marinez Siquiera; melhor interprete, Jorge Freitas;melhor instrumentista, Marcio Rosado; melhor idumentária, Jerri Terres.Gravação de Bobby Studio e sonorização da Pro - Vox.
2000 – junho – 19ª Edição teve como grande vencedora que também recebeu o troféu Apparicio Silva Rillo e melhor poesia, A Sombra da Cruz de Gujo Teixeira e Erlon Péricles, com interpretação de Vinícios Brum; 2º Lugar, Rumo do Tempo, letra de Rodrigo Bauer, música de Mário Bárbara, defendida por João de Almeida Netto; 3º lugar Quando o Amor Chega Pedindo um Mate, letra de Vaine Darde, música de Sabani de Souza e interpretação de Juliana Spanivello, também apontada como a melhor intérprete do festival; música mais popular, Varando o Uruguai a Remo, melhor instrumentista, Arthur Bonilla, melhor indumentária Valdomiro Maicá; melhor tema junino, Junina Tradição.
2001 – Junho – 20ª Edição, a vencedora Nos Bailes da Vila Branca, letra de Aldemir Disconzi e Valter Fiorensa e interpretação de Nenito Sarturi; 2º lugar, Pedido a São Pedro de Venícius Brum; 3º lugar, Pra Sonhar, de Erom Carvalho, Luiz Carlos Ranoff e interpretação de Miguel Marques; música mais popular Ta Feio Mas Ta Pareio, melhor tema junino, Oração a São Pedro; melhor interprete Nenito Sarturi, melhor instrumentista, Arthur Bonilla; melhor indumentária,Grupo Parceria.
2002 – Junho – 21ª Edição, música campeã, Aguaceiro, de Paulo Ricardo Costa e Nilton Ferreira e interpretação de Nilton Ferreira; 2º lugar,A Final Por que Será, Miguel Bica e Cezar Lindemeyer e interpretação de Cezar Lindemeyer; 3º lugar, São João Gaúcho de Erlon Péricles e interpretação de Perisca Greco; melhor letra, Aguaceiro; melhor interprete, Miguel Marques; melhor tema junino, São João Gaúcho.
2004 – Junho – 22ª Edição, realizada com a aprovação da LIC(Lei de Incentivo a Cultura). Primeiro Lugar, Recomeço de Rodrigo Bauer e Mário Bárbara, interpretação de Chico Sarat; 2º lugar, Companheira, de Jorge Nicola Prado, Chico Ribeiro e Ângelo Franco e interpretação de Jorge Freitas; 3º lugar, O Passado Não Calou, de Carlos Omar Vilela Gomes e Toni Brum, interpretação Ângela Gomes;  melhor tema junino, Magia do Brasileiro, música mais popular Mal Agradecida, melhor letra Recomeço de Rodrigo Bauer.
2005 - Agosto – 23ª Edição foi introduzido a Fase Local para participantes residentes ou domiciliado em São Borja. Classificação da música: 1º lugar, Das Brancas Almas da Estância de Chiru Antunes e Marcelo Oliveira, interpretação de Marcelo Oliveira; 2º lugar, O Tempo e o Vento de Rodrigo Bauer e Jorge Freitas, interpretação de Jorge Freitas; 3º lugar,Bem Vinda de Miguel Bicca, Caeco Batista, Sabani Felipe de Souza e Erlon Péricles e interpretação de Miguel Bicca e Leôncio Severo; melhor tema junino, No Costado da Fogueira, música mais popular, Pacholeadas;música mais popular da fase local, Patacoeira, melhor letra, Das Brancas Almas da Estância.
2006 – Agosto – 24ª Edição, foi inaugurado o momento infanto-juvenil na fase local. O evento foi realizado com recursos aprovados pelo Conselho Estadual de Cultura, através da Lei de Incentivo a Cultura-LIC. Classificação: lº lugar, de Pampa e Lonjura, Rodrigo Bauer e Erlon Péricles, interpretação de Perisca Greco e Cristiano Quevedo; 2º lugar, Comparsão de Janeiro, de Evair e Juliano Gomes, interpretação de Marcelo Oliveira; 3º lugar, Pelos Caminhos de Deus, de Adriano Silva e Cristiam Camarco e interpretação de Luiz Marenco; melhor tema junino, De Fogueiras e Balões; música mais popular, Na Crina, música mais popular da fase local, Alho Macho; melhor música infanto-juvenil, sementes de Gratidão, melhor letra, O Sangue, de Rodrigo Bauer.
2007 – 25ª Edição, tendo sido julgado não prioritário pelo Conselho Estadual de Cultura, os promotores tiveram que buscar recurso nos poderes públicos Municipais e empresas locais. Classificação: lº lugar, Reparando a Vida, letra de Flávio Saldanha, música e interpretação de Tuni Brum; 2º Lugar, Uma Arte de Campo, letra, música e interpretação de Julio Azambuja; 3º lugar, O Erro, letra de Carlos Omar Vilela Gomes, música de Anderson Mireski, interpretação de Juliana Spanivello; Melhor música infanto-juvenil, Porto dos Sonhos, melhor tema junino, Fogueira dos Sonhos; melhor letra, Reparando a Vida; música mais popular, Como Diz o “Outro”, Como diz o “Cosa”; melhor intérprete, Marcio Trindade, melhor instrumentista, Marcelo Freiras.
2008 – 26ª Edição, esta com recursos aprovados pelo Conselho Estadual de Cultura, através da Lei de Incentivo a Cultura, cujo projeto foi elaborado e executado pela Produtora Cultural Aline Ferrão- Produções Culturais.
(*) Pesquisador

NÍVIA FONSECA MENDES

NÍVIA FONSECA MENDES nasceu no interior do Município de São Borja. Professora de Grau Superior do Magistério Público Estadual, aposentada. Além de suas atividades no Sistema de Ensino, exerceu várias funções na Administração Municipal. Na SMEC, foi Supervisora Escolar, no Governo de José Pereira Alvarez; Foi Chefe de Gabinete do Prefeito João Carlos Mariense Escobar; Foi Supervisora dos CEBÈNS e CRECHES no Governo de Ildebrando Aquino Guimarães; Foi Assessora de Turismo, por poucos meses, no Governo de Luis Carlos Heinze. Por último, foi assessora da Presidência, na Câmara Municipal de Vereadores, Sessão Legislativa 1998, presidida pelo Vereador Sidnei Pires Gerhardt.
         Nas atividades extra-profissionais é conhecida como letrista e poeta. Como Letrista, possui bom número de composições premiadas no Concurso de Músicas para o Carnaval “Apparicio Silva Rillo”, evento realizado anualmente em São Borja.
         Na poesia, possui trabalhos seus publicados na Antologia de Poetas São-borjenses, Coleção Tricentenário editada pela Martin Livreiro – 1982 e na Antologia de Cidades Brasileiras, pela Shogun Editora e Arte Ltda. – 1986, Rio de Janeiro.
         É co-autora de UNI VERSOS, livro de poesias, em parceria com a poeta MARIA THEREZA VELOSO, edição da Palotti – 1984, Santa Maria.

Ramão Aguilar – Pesquisador Cultural

Silvia Naslund Soler

SÍNTESE BIOGRÁFICA

Silvia Naslund Soler, nasceu em Giruá – RS, em 21 de dezembro de 1941 e é filha de Algot e Hilda Maria Naslund. Aos cinco anos veio residir em São Borja e aqui cresceu, estudou, casou e trabalhou. Seus Filhos: Lílian, Cristina e Alexandre.
1965 – Buscando uma profissão concluiu o então “Curso Normal”,
(formação de professores), na Escola Normal Sagrado Coração de Jesus.
1966 – Ingressa, mediante Concurso Público, no quadro do magistério municipal de São Borja.
1973 – Nomeada como professora do quadro do Magistério Estadual, após aprovação em Concurso Público.
1974 – O Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Educação, concedeu a cedência para exercer atividades junto à municipalidade.
1976 – Conclui o Curso de Pedagogia (3º Grau) na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Borja.
1993 – Aposentada - (vinte sete anos de serviço)-.
Enquanto estudante, na Escola Sagrado Coração de Jesus fez parte da diretoria do Grêmio Estudantil Madre Maria Antonia – GEMMA -, daquela entidade, bem como da Diretoria da União Estudantil de São Borja - UESB. 
         Ao longo de seu tempo de serviços prestados como professora, teve pouca como “Regência de Classe” junto a escolas, mas muito em atividades ligadas diretamente à educação, à cultura de crianças, jovens e comunidade em geral. Foram dez anos de dia-a-dia na Biblioteca e Museu Municipal, orientando alunos em suas pesquisas, sugerindo leituras, recebendo visitas, promovendo exposições e como conseqüência e indicação, presidindo a Maratona Cívica – Etapa Municipal de um Concurso Nacional e por nomeação por Decreto Municipal membro da Comissão Organizadora da Feira do Livro de São Borja.
         Exercendo funções junto ao DAC/SMEC, trabalhou na organização e realização de Shows Musicais, gincanas, concurso variados, feira de livro, apresentações teatrais, e tantas outras atividades ligadas à cultura.
         Fez parte das Comissões Organizadoras do carnaval de Rua e do Concurso de Músicas para o carnaval, promovidos pela Prefeitura Municipal de São Borja, em duas oportunidades.
         Por força de atividades educacionais, culturais e recreativas, aceitou fazer parte da primeira diretoria do Centro Cultural de São Borja, eleita em 29 de outubro de 1985. A partir daí permaneceu até o ano 2000, neste período não fez parte de uma das gestões, tendo desta trabalhado como colaboradora. Ramão Aguilar - CENTRO CULTURAL DE SÃO BORJA, 20 de abril de 2008.

WANDERLEI NEGRI WEBER

MENSAGEM PARABENIZANDO O AMIGO WANDERLEI NEGRI WEBER, PRESIDENTE DO CENTRO CULTURAL DE SÃO BORJA, PELO SEU ANIVERSÁRIO – 28/12/2007.



“AFINAL, PARA VIVER, O HOMEM PRECISA TER UM IDEAL!”

Segundo o verso do poeta Altino Martinez, do seu Livro “Sementes a Esmo”, “Afinal, para viver, o homem precisa ter um ideal”, é o que mais se adequou ao nosso homenageado. É com essa conclusão poética, que pretendemos fazer nossa simples homenagem, mas de coração, ao nosso amigo e colega do Centro Cultural, o aniversariante, que está colhendo mais uma flor no jardim da existência.

E, por falar em flor, vocês sabiam que o Colibri, o nosso beija-flor, sessenta por cento do peso do seu corpo, corresponde ao tamanho do seu coração, o que não deixamos por menos, ao medir o tamanho do coração do seu Weber, com relação aos seus amigos. “Seu Weber” é assim que  costumamos saudá-lo. Mas nem só de coração grande vive o Colibri.

O Seu Weber, o Beija-flor da cultura São-borjense, não se cansa de revoar por esta cidade de São Borja, cumprindo seu destino, ou seja, a busca da flor, sinônimo da arte da criação, que é bela e por ser bela nós devemos  cultivar. Essa busca pela flor gera uma sublime causa, a causa da cultural, e, com isso um objetivo, ou seja, contribuir com dias melhores para todos, que querem crescer evoluir, se tornar cada vez mais gente, humanizado, com aspiração, com princípios, o que só se encontra no exercício da vontade, do aprender, com oportunidade para todos.

Um tanto utópico, muitas vezes, considerando a precariedade, como o Seu Weber fala, tanto de recursos como de apoio por parte de quem deveria promover a cultura e não o faz, mas ele não desiste, procura seus amigos e continua inspirando a vontade de realizar.  Muitas vezes, em uma primeira análise nos parece um tanto incomodo, mas refletindo melhor vimos nele um exemplo e uma motivação para, ainda, tentar mais uma vez nos superar diante das adversidades, que a vida nos impõe para quem quer realizar em benefício de todos. Segundo nosso colega José Norinaldo,“esses todos”, que muitas vezes nos parece não estarem interessados na nossa causa. Nem por isso nosso aniversariante desiste, segue tocando as flores, quem sabe um dia elas se tornarão perenes a encantar o jardim da cultura. Apanágio dos sonhadores.
Mas o mais importante disse tudo é o fato que nos tornamos A TURMA BIRIVA DE WANDERLEI WEBER, não é um plágio, pois foi pronunciado pela primeira vez pelo Israel, autor do Livro a “Turma Caipira de Cornélio Pires, o qual passa a levar a chancela de criador de Turmas”. O que não é novidade, pois sabemos que desde a pré-história, os homens se juntavam em turmas para poder se defender dos grandes animais, era uma questão de sobrevivência.
Ao passar do tempo, de caça passamos a caçador, de presa a predador e nos tornamos dinossauros em defesa do nosso patrimônio cultural, segundo nosso amigo Joaquim Monks, que pela primeira vez comparou o Israel com um dinossauro, mas para dizer dessa luta em prol da cultura.
E, para criar uma nova figura, agora sim, plagiando o Monks, quero estender o comparativo ao nosso amigo Seu Weber, pois ele também é um desses bichos pré-histórico, engajado na mesma luta, na mesma causa, passando pelas mesmas adversidades, contudo bebendo da mesma taça da doçura, com a consciência tranqüila do dever cumprido.

Muito Obrigado!

Ramão Aguilar.

ANDRÉS GUACURARÍ Y ARTIGAS”

“PRIMERA JORNADA DE REFLEXIÓN SOBRE LA VIDA DEL Cdte. ANDRÉS GUACURARÍ Y ARTIGAS”, EN EL SALÓN AUDITORIO DE LA FACULDADE DE MEDICINA - SANTO TOMÉ – Ctes., en  29/09/2006”.

(*) Ramão Aguilar.
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SAUDO AS AUTORIDADES QUE FORAM NOMINADAS, INICIALMENTE, PELO PROTOCOLO; MINHA SAUDAÇÃO ESPECIAL AO SENHOR JUAN ALBERTO GÓMEZ, TATARANETO DE ANDRÉS GUACURARÍ Y ARTIGAS, QUE NOS HONRA COM SUA AMÁVEL PRESENÇA; CONVIDADOS ESPECIAIS, DIGUINÍSSIMOS COLEGAS PAINELISTAS, SENHORAS E SENHORES, QUE PRESTIGIAM ESTE ENCONTRO; BOA NOITE!


No Início do século XVII, a Companhia de Jesus fundou inúmeras povoações em território hoje pertencente ao Brasil, Argentina e Paraguai. Visavam ocupar terras destinadas à Espanha pelo Tratado de Tordesilhas, bem como difundir a fé cristã, imbuída o espírito de Contra-Reforma.
A história das Missões é muito rica e abrangente, pois compreende duas fases: o 1º Ciclo, que teve seu início em 1626 e o 2º em 1682, com a fundação dos “Sete Povos Missioneiros”, perdurando após o tratado de Madri, que motivou as Guerras Guaraníticas, até 1756. A civilização e cultura Jesuítica, com sua famosa República Comunista Cristã dos Guaranis, segundo entendimento de vários historiadores.
Quando chegaram os europeus, a América era um continente habitado. Vários povos com diferentes formas de organização política, econômica e social, cultural ocupavam essa área americana. Encontravam-se grandes grupamentos humanos, tidos como aborígines.
A Igreja Católica teve um papel fundamental na definição e ocupação das terras colonizadas, tanto nos territórios portugueses, quanto nos espanhóis.
Os guaranis era um povo que tinha tradições estruturadas há séculos, as quais foram radicalmente modificadas, com a invasão dos europeus, com quem passou, historicamente, a disputar o território essencial a sobrevivência.
Para melhor compreender as histórias de São Borja o historiador Amaral Flores divide em períodos, sendo: São Borja, redução dos Sete Povos: 1687-1756: São Borja sob a administração espanhola: 1756-1801, com o Tratado de Madrid; as questões de ordem geopolíticas e os momentos finais do domínio espanhol sobre a área dos Sete Povos e a História Luso-brasileira de São Borja, a partir de 1801. Com as lutas de ocupação do espaço missioneiro e a privatização da terra como forma de colonização; a defesa do território ocupado pelos luso-brasileiros e os habitantes do povoado de São Borja.
O período que compreende o nascimento do Comandante Andrés, na última década do século XVIII, durante o domínio espanhol e, suas incursões de reconquista dos povos missioneiros, na primeira vintena do século XIX, durante o domínio dos Sete Povos pelos luso-brasileiros.  
 
Segundo o historiador João Rodolpho Amaral Flores: “parte as questões econômicas, essa fase é permeada por conflitos militares, decorrentes da disputa territorial”. De um lado, os conquistadores portugueses, preocupados com o povoamento e a defesa das fronteiras. Do outro, partidas do exército espanhol, inicialmente e, depois, das forças nacionalistas de independência do Uruguai e da Argentina, com seus respectivos interesses geopolíticos e econômicos sobre a região.
Sob o comando do General Chagas Santos, foi firmada a sede administrativa da área conquistada em São Borja, ou seja, OS SETE POVOS DAS MISSÔES. As forças de ocupação portuguesa contaram com apoio de regimentos de milícias, formados por indígenas guaranis. Entre os caciques que se colocaram ao lado dos portugueses, destacaram-se: Vicente Tiraparé, Ismael Baré e Pascoal Chucuí.
Ainda, segundo o historiador Amaral Flores, no decorrer desse período, entre outras incursões, a principal campanha enfrentada pelas forças portuguesas das Missões foi a de Andrés Guacurarí.


“Em 1816: ocorreu a famosa incursão de André Artigas sobre as missões, trazendo graves efeitos para o desenvolvimento de São Borja. A complicada situação política da Cisplatina, e as discórdias entre unitaristas e federalistas da Argentina, gerou um conflito que atingiu diretamente a área de missões, em ambas as margens do Rio Uruguai. Por ser da etnia guarani e ter liderança destacada entre os indígenas. André Artigas em apoio às pretensões do caudilho uruguaio José Artigas, seu pai por adoção, conseguiu reunir um grande exército e invadiu São Borja. Esse ato visava garantir a posse do território oeste da Província do Rio Grande do Sul, ligando-o aos territórios do nordeste e leste argentino, e estes ao território uruguaio. São Borja foi transformada em praça de guerra, tentando resistir à superioridade numérica das forças invasoras do Comandante Andrés Guacurari”.

“Com a sua população e as tropas de defesa praticamente isoladas sofrendo com a escassez de alimentos e de água, teve revertida essa situação, quando acudiram ao local, as forças do Coronel José de Abreu, vindas de Alegrete. Na ocasião, contou com o apoio de soldados do Regimento de Dragões, oriundos de Santa Catarina, sob o comando do Capitão José Maria da Gama Lobo Coelho D”Eça. “Assim, em tempo, conseguiram socorrer as forças sitiadas de Chagas Santos”.
“Em desvantagem, André Artigas evadiu-se pelo Passo de Santana. Porém, muitos de seus soldados não tiveram a mesma sorte. Um número expressivo de seus combatentes foi encurralado junto ao Passo de São Borja”.
“Mais tarde, no ano seguinte, persistindo no seu intento de tomar a região missioneira, André Artigas foi diretamente atacado em território argentino, pelas forças de Chagas Santos. Mais uma vez a política da terra arrasada funcionou. Entre os despojos das batalhas. Chagas Santos fez transladar centenas de índios para as estâncias de São Borja, entre outros despojos de guerra”.
“Apesar dos fracassos, os intentos de André Artigas persistiram. Depois das incursões de Chagas Santos em território argentino, no início de 1818, voltou aquele a invadir o território das Missões, novamente junto ao passo de São Borja. Logo tendo que retroceder, devido à resistência imposta pelos combatentes da povoação”.
“Contudo, em abril de 1819, novamente, o persistente Artigas conseguiu restabelecer um quartel general na região de São Nicolau”. Umas séries de combates ocorreram na área situada entre os rios Icamacuã e Piratini, com vantagens ao invasor. Os sucessos obtidos fizeram André Artigas rumar na direção das localidades de São Vicente e São Francisco de Assis, com o objetivo de reunir suas forças às de seu pai. Mas, a conjugação de forças militares portuguesas do Brasil, determinou a derrota definitiva dos Artigas no território das Missões, nos combates que se sucederam na região de Santiago. “Mais tarde, feito prisioneiro, André Artigas, foi colocado em liberdade, regressando a Montevidéu no ano de 1821.”


Segundo o historiador Osório Tuyuty de Oliveira Freitas, em seu livro A Invasão de São Borja: “José Artigas ajuda a expulsão dos espanhóis, mas proclama a independência do Estado Oriental do Urugaui de que se fez nomear governador”.
Perseguido por Buenos Aires e pelos portugueses, intenta uma empresa de vasta envergadura – a conquista das Missões Orientais.
Para isto, lançou mão de seu filho adotivo André Taquari (Artiguinhas, Andresito Guacurari) célebre índio guerreiro, pelo seu valor e constância, legítima expressão dos “ameríndios”.
Bem recebido pelos seus compatriotas, André Artigas toma conta de cinco povos do Paraguai.
Empregou toda metade do ano de 1816 em organizar um exército que atingiu o número de dois mil e tantos aborígines.
“Depois de atravessar o Uruguai em Itaqui, tendo encontrado pequenas resistência, chega a São Borja, a qual monta sítio, em 21 de setembro de 1816”.
Ainda, segundo Tuyuty, Andresito teve outros combates sangrentos em Apóstolos, em São Carlos, São Nicolau e em Itacurubi, quando foi vencido.

            Segundo matéria publicada no jornal Zero Hora de 01/09/2001, por ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES, diz o seguinte: “Os argentinos nos ganharam inaugurando na última segunda-feira um monumento ao índio guarani, que eles chamam de Andrés Guacurari, o mesmo Andresito Artigas dos Uruguaios e o nosso André Taquari. A estátua foi erguida junto a Ponte Internacional que liga Santo Tomé (na Província Argentina de Corrientes) a São Borja. Ali está Andresito, saudando os que chegam do Brasil e despedindo os que deixam à Argentina”.
            “Andresito, lutou bravamente e terminou vencido na luta pela dignidade do povo índio. Foi, com toda a certeza, assassinado por marinheiros ingleses a serviço do vingativo interesse de Portugal. Quando se tratou de inaugurar a Ponte, eu lutei muito para que se chamasse, do lado brasileiro,, Ponte Internacional André Taquari e, do lado argentino, “Puente Internacional Andrés Guaçurari”. Seria uma justa homenagem, mas contra se levantaram vozes a reclamar que ele havia atacado São Borja. O que Andrasito queria, ao atacar São Borja, era mobilizar os seus irmãos guaranis quanto à opressão luso-brasileira. Não nos esqueçamos que nosso amado Brasil tem duas manchas na consciência nacional: a escravidão negra e o genocídio indígena. A homenagem não lavaria manchas, mas aliviaria nossa consciência”.
            Perguntei a pedido da Senhora Lili Vignolo, onde se encontra os restos mortais de Andrés, o Doutor Antonio Augusto Fagundes (escritor, historiador, folclorista, poeta...), prontamente me respondeu por E-mail, dando sua versão a respeito do assunto e, o que sobejamente demonstra sua grande admiração e reconhecimento dos méritos de ANDRÉS GUACURARÍ Y ARTIGAS.
Eis o seu E-mail:
Caro Ramão Aguilar:
Tenho pesquisado muito sobre a vida de André Taquari, também chamado André Artigas (no Uruguai) e Andrés Guacurari (na Argentina), o famoso Andresito Artigas, que foi dos comandantes artiguistas o que comandou tropas mais numerosas e o que teve atuação guerreira mais notável. O caudilho guarani chegou a ter uma pequena marinha de guerra, a qual foi comandada pelo lendário Pedro Campbel um irlandês notável, figura de guerreiro e caudilho que ficou pelo pampa e se agauchou completamente.
Andei em Brasília, no Rio de Janeiro e até em Lisboa procurando o inquérito militar que certamente foi feito pelas autoridades portuguesas da época de sua prisão, quando o Brasil ainda pertencia a Portugal. Ainda não encontrei nada.
A morte de Andresito é um mistério. Só existe m suposições. Quando se libertaram os caudilhos artiguistas no Rio de Janeiro ( porque o Brasil queria fazer um agrado ao Uruguai, incorporado ao Império brasileiro como Província Cisplatina). Andresito foi libertado e até talão de embarque recebeu para voltar a Montevidéu, não se sabe o que aconteceu, porque não há notícia de seu embarque, ao contrário dos outros líderes artiguistas. As duas versões mais consistentes são: a) ele voltou anonimamente ao Uruguai e se sumiu anonimamente nas Missões; b) ele foi embriagado no cais do porto e se meteu numa briga com marinheiros ingleses no porto do Rio de Janeiro e foi atirado ao mar, bêbado, ferido ou morto.
O fato é que não se sabe onde estão seus restos mortais. Eu tenho a convicção que a segunda versão é correta, porque as autoridades luso-brasileiras não podiam se arriscar a uma revolta dos guaranis que ele poderia fazer no seu regresso aos Sete Povos das Missões.
De qualquer forma, uma homenagem à memória de Andresito pode e deve ser feita reunindo autoridades, intelectuais e tradicionalistas do Rio Grande do Sul (e podem contar comigo).    

O que menos nos importa nesse processo de recuperação da memória de Andrés é seu local de nascimento, mesmo porque, quando nasceu à região missioneira estava sob o domínio espanhol, não deixa de ser justa tal reivindicação, pois tanto de um lado como do outro existe pessoas que não deixam de reconhecer o valor e o que representou Andrés ao seu povo. O fato histórico deve ser analisado na época que ocorreu, quanto às diferenças temos que apreender a conviver, pois a história dos povos são valores inalienáveis da humanidade. São Borja foi inicialmente espanhola, passou ao domínio luso-portugues para ser brasileira. Andrés Guacurari, antes de ser argentino (espanhol) ou brasileiro (português), foi um indígena, nasceu de uma mãe Guarani, seu sangue, embora mesclado, não perde sua origem aborígine, tanto que deu sua vida a defesa da dignidade do povo índio.  
Nós, brasileiros nos sentimos honrados, pelo fato de também poder contar e cantar nossa São Borja Espanhola, de tantas contribuições culturais prestadas ao São Borja de ontem e de hoje. Vários poetas, compositores letristas e musicistas enaltecem a figura histórica de Andrés: A começar por  Nico Fagundes, Noel Guarani, Jaime Caetano Brau, João Sampaio, Jorge Guedes e muitos outros.
Para encerrar gostaria de agradecer a “Casa de la Cultura – Concepción Centeno de Navajas”, na pessoa da Senhora Elba Batalla de Vignolo - Presidente e ao historiador Alexandro Larguia, que muito tem me incentivado a estudar nossa história primitiva, aliado ao prazer de conhecer o Don Juan Alberto Gómez, tataraneto de Andrés Guacurarí.

Muito Obrigado!

(*) Pesquisador Cultural.

NOTA BIOGRÁFICA DO ACORDEONISTA DEDÉ CUNHA

NOTA BIOGRÁFICA DO ACORDEONISTA DEDÉ CUNHA
(produzida a partir de uma entrevista)


Por Ramão Aguilar (*)

            Antonio Dedé Cunha (nome artístico Dedé Cunha), nascido no, então, 5º Distrito de São Borja, atual município de Garruchos, em 25 de janeiro de 1930, Policial Reformado no posto de 2º Sargento da Brigada Militar, reside em São Borja na Rua Serafim Dornelles Vargas com sua família.
         Aos cinco anos, seu pai lhe deu uma gaita de boca e logo em seguida arrumou uma gaita de oito baixos com uma vizinha e comadre, senhora Darci Cabeleira, que também tocava gaita, (me disse: Ela tocava gaita muito bem), da qual Dedé Cunha tem muito orgulho de lembrar, como se fosse uma madrinha de sua arte, pois com ela aprendeu a executar a primeira música de seu repertório, uma rancheira, que nunca deixou de tocar, embora por muitos anos nem o nome soubesse e, quando era perguntado, dizia que era uma Rancheira Sem Nome.
Bem mais tarde ficou sabendo que a música era de autoria de uma senhora residente em São Luiz Gonzaga. Descobriu o nome da Rancheira e o ano em que ela foi criada, 1920, dez anos antes de seu nascimento, quando ouviu, por acaso, o filho de essa senhora tocar a rancheira, ele ficou sabendo que o nome da música era: “Por Aqui, Por ali”, com autorização da família gravou-a em seu CD “Abraço Missioneiro”.
         Mais tarde, seu pai lhe comprou uma gaita piano. Nesta época, não existia rádio na campanha, então, se juntavam os gaiteiros para tocar e criar música, ou seja, aumentar o repertório. No entendimento de Dedé Cunha, o fato de não ter como escutar músicas tanto pelo rádio como em toca-discos, essa necessidade proporcionou uma facilidade na arte de criar música.
Dos gaiteiros, que na época reuniam-se para tocar gaita, ele cita com muito orgulho o senhor Francelino Ávila e diz que o mesmo foi sua escola fundamental de sua carreira artística, mas foi no saudoso Reduzino Malaquias, que encontrou seu paradigma. Disse-me com entusiasmo: “igual ao Reduzino, pode vir quem vir que não tem”. Foi meu professor. Um dia, ele esteve em minha casa, almoçou, sesteou e fiquei esperando ele levantar para pedir que ele tocasse pra mim. Aflito, logo que ele levantou, “fui correndo preparar um mate, mateando, ele tocou o resto da tarde, ele gostava de tocar gaita”.
Com o cantor alegre do Rádio, Pedro Raymundo, quando vinha a São Borja, ia aos programas de Rádio e tocaram junto um baile no Clube União no Passo e o Pedro com sua gaita cromática.
Cantou as músicas de Pedro Raymundo quando tinha a gaita piano, depois voltou pra gaita de botão a pedido do saudoso Oneide Bertussi, que na época, teria conseguido um contrato com a gravadora Copacabana para ele e o Tio Bilia, o qual acabou desistindo do mesmo. Mais tarde, foi pelas mãos do cantor missioneiro Pedro Ortaça, com quem manteve uma parceria por dezesseis anos, a assinatura do contrato com a Gravadora Copacabana do seu primeiro LP “Cordeona de Três Ileras”.
         Seus parceiros tanto de tocatas como de gravação foram os seguintes: Francelino Ávila, Getúlio Luiz da Silva, (parceiros amadores); Pedro Ortaça acompanhou em gravações de cinco Cds e apresentações por dezesseis anos; Noel Guarani ( nas folgas), Mano Lima, em gravações e apresentações, Amigo Souza, João Paulo Molina, em gravações.
         Resumidamente, a sua obra consta de dois LPs gravados pela Copacabana, um gravado pela CITE, dois CDs gravados pela Usa Discos, um trabalho de resgate para CD, pela Gravadora EMI, dos dois primeiros LPs. E Várias participações especiais em gravações de discos de colegas de arte, inclusive, com Pedro Ortaça em cinco CDs.
         Disse: que em suas andanças sempre levou o nome de São Borja, tanto no Brasil como no exterior.
Dedé Cunha teve reconhecido seus valores pelo Centro Cultural de São Borja, quando recebeu o troféu “Roquito”, confeccionado pelo artista plástico Rosssini, das mãos do Presidente do Centro Cultura colega Augusto Weber, em programação comemorativa ao aniversário da entidade.

(*) Pesquisador  Cultural – (21/10/2007).

GETÚLIO DOS SANTOS

GETÚLIO DOS SANTOS
(O Trovador Missioneiro)

*Ramão Aguilar (a partir de uma entrevista)


Getúlio Becker da Silva (nome artístico Getúlio dos Santos), Cantor, trovador e compositor do nosso cancioneiro gaúcho, nascido em 10/06/1951, no então 2º Distrito de São Borja, RS, atual município de Itacurubi, filho de Enedina Becker dos Santos e Laudelino Lima da Silva, ela, natural da Bossoroca-RS e ele natural de Atual Município de Itacurubi. Em 1964 o casal, juntamente com seus seis filhos, passou a residir em São Luiz Gonzaga – RS. Onde Getúlio estudou até a 5ª Série. Desde criança já tinha pendões para a arte de cantar, e, em 1972, recebeu o convite do Locutor Senhor Olívio de Mattos, para apresentação em um programa de palco e auditório da Rádio São Luiz de São Luiz Gonzaga, quando fez sua primeira apresentação em público, cantando uma música do saudoso Gildo de Freitas, “Definição das Pilchas”. Depois, já adulto, foi embora para Santo Ângelo – RS fez parte do Grupo “Os Ginetes”, integrado também por Belarmino Lourega (acordionista), Dorival Pereira (guitarrista) e Darci Bisonin (acordionista), Renato (contrabaixista) e o Beto (baterista), por oito anos, sendo o vocalista, Gravou, juntamente com este Grupo, seu primeiro LP, pela Isaek, tendo uma vendagem de vinte mil LPs, fato considerável nessa época, que atesta o sucesso do Grupo “Os Ginetes”. Das doze composições do disco, seu carro chefe foi à música “Velha Gaita”. Com a dissolução do Grupo, em 1978, Getúlio dos Santos foi trabalhar na Rádio “Sepé Tiarajú”,de Santo Ângelo, que atinge cento e oitenta municípios, onde apresentou o programa regionalista “Terra que Canto”, aos domingos das 18hs.e 30 min. Às 19hs.e 30min. Por nove anos. Contratado pelos partidos políticos ou candidatos toda a vez que havia eleição, tanto municipal ou estadual ou federal, era chamado para trabalhar durante a campanha, para improvisar versos a favor do candidato que o contratava, alguns deles: Saudoso José Alcebíades de Oliveira e Leônidas Ribas. Deputado Luiz Valdir Andrés, Alberto Wachester, Mauro Azeredo e tantos outros. Profissão que continua exercendo. A partir de 1987 partiu para carreira solo, gravando três CDs, sendo o mais recente o CD denominado “O Trovador Missioneiro”, com a supervisão geral do Cantor e Trovador Valdomiro Mello, teve uma vendagem de quarenta e dois mil CDs. Integram o disco as seguintes músicas: Rincão dos Vieiras, O Cantor Missioneiro, Deixa de Arte Nicolau(José Daltro Santana), Xirú Gaudério, Nosso Destino, Pago Nativo, Vanerão da Minha Terra (Belarmino Lourega), Flor Missioneira(Dorival Pereira), Crença do Pago, Velha Gaita, Sistema Riograndense, Força de Vontade, Coisas Que Eu Gosto(Cleber Mércio) e Saudades Correntina (Belarmino Lourega). Com vários troféus e distinções acumulada ao longo de vinte anos, Getúlio dos Santos, destaca-se no Rio Grande do Sul entre os principais trovadores, com apresentação em todo o Brasil. Contatos: São Miguel das Missões: 9991-4973 (Valter).

* (pesquisador) – 1º/11/2008.

Evento: HOMENAGEADO ESPECIAL – TROFÉU “ROQUITO”

Evento: HOMENAGEADO ESPECIAL – TROFÉU “ROQUITO”
Promoção: CENTRO CULTURAL DE SÃO BORJA
Apoio: Grupo de Estudo “Doutor Antonio Jesus de Andrade”.




Doutor Ildefonso, uma Vida dedicada a Saúde dos São-borjenses.
(a partir de uma entrevista)

*Por Ramão Aguilar.


ILDEFONSO TRÓIS DA MOTTA, nasceu em São Borja, (Rio Grande do Sul, em 04/04/1917), são noventa e um anos e quatro meses e vinte cinco dias bem vividos. Filho de Amando Augusto da Motta e Enedina Tróis da Motta, ambos falecidos nesta cidade. Seus irmãos: Maria Luiza, Pedro, José e Emilio Tróis da Motta, todos falecidos. Seu avô materno Emilio Garcia Tróis, Irmão do Coronel Júlio Garcia Tróis, nosso primeiro Intendente Municipal, Emílio, foi combatente na Guerra do Paraguai. Viúvo foi casado com Maria Ernestina Pinto da Motta, da união não houve filho. Formou-se Farmacêutico pela Escola de Farmácia da Faculdade de Medicina da Universidade do Rio Grande do Sul, em dezembro de 1936. Realizou curso de LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS, ministrado pelo doutor Jandir Maia Failace, durante o ano de 1938. Em julho de 1939 marcou o início de funcionamento do Laboratório de Análises Clínicas, conforme licença inicial, concedida pelo Departamento Estadual de Saúde, vindo a encerrar esta atividade, em 1983, quando se aposentou. Foi funcionário da área da Saúde Estadual, prestando serviços no Posto de Saúde. Depois de aposentado continuou atuando como farmacêutico da antiga Farmácia São-borjense. Freqüentou curso de Química de Hemoterapia, no Hospital T.C. de ALLENDE, da Universidade Nacional de Córdoba (República Argentina), direção do Professor Aníbal Sanguinett, em 1943. Curso de Micro Biologia, pelo Professor Manoel May Pereira, no Hospital Sanatório Belém, em Porto Alegre em 1957. Curso da Hematologia, pelo professor Gastão Rosenfeld, na Faculdade de Medicina da Universidade de Santa Maria. Título de Especialista em Análises Clínicas, concedido pela Sociedade Brasileira de Analises Clínicas, Rio de Janeiro, em 1971. Título de Análises Clínicas Químico-biológicas, concedido pelo Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul. Diploma de sócio concedido pela Fundação Educacional de São Borja. Co-fundador do Hospital Infantil Ivan Goulart. Participou da fundação da Rádio Fronteira do Sul, sendo seu tesoureiro desde a sua fundação. Disse o Doutor Ildefonso: Naquela época ninguém queria pagar a propaganda, a Rádio esteve várias vezes por fechar, por falta de recurso financeiro, ele lembrou que o Doutor Jango quem socorria financeiramente a Rádio para poder continuar no ar. Perguntado a respeito do Doutor Getúlio Vargas, disse que o conheceu pessoalmente no casamento da filha do Periandro Motta. Quando eclodiu a Revolução de trinta, ele estava estudando em Porto Alegre e lembrou que os professores mandaram os alunos para casa e fecharam à escola. Perguntado sobre o Estado Novo, disse que era uma necessidade do momento histórico daquela quadra da vida nacional. O Doutor Getúlio, podem acusá-lo do que quiserem, mas jamais poderão tirar o valor que ele representa para a Nação Brasileira, disse ele. Nunca fui partidário, contudo tenho uma grande admiração pelo antigo Partido Libertador. O Doutor Jango, foi meu contemporâneo, desde guri, estudamos na mesma escola Anchieta em Porto Alegre. Leitor e Amigo de Apparicio Silva Rillo; amigo de Cláudio Orandi Rodrigues, Serafim Dornelles Vargas e Pedro Caldeira da Silva, os tradicionalistas, e, com o historiador Moarcy Matheo Sempé, trocavam livros e tinham uma grande convivência. Perguntado a respeito do segredo da longevidade disse que atribui a uma experiência a partir da placenta de ovelha, praticada pelo Doutor Ciro Tróis – oftalmologista que criou uma injeção, ele fez essa injeção e justifica a eficiência da mesma pelo fato que de todos seus irmãos é o único vivo. Tendo o hábito da leitura, sempre se manteve atualizado com os livros, mas dando preferência para Biografia, ficção científica e personagem da história mundial. O Doutor Ildefonso, já conta com setenta anos de atividades profissionais ininterruptos, sendo quarenta e quatro anos de Laboratório e vinte cinco anos de Farmácia. Depois de sua aposentadoria, na condição de bioquímico e responsável pelo Laboratório de Análises Clínicas, passou a exerceu seu registro de farmacêutico, cuja responsabilidade técnica continua ativo. Nosso homenageado merece o reconhecimento de seus conterrâneos, pelo trabalho sério, dedicado, nunca deixou de socorrer um paciente, independente da hora, quantas noites mal-dormidas, na busca incessante de sangue para os necessitados, nunca medindo esforços para ajudar a trazer a cidade até nossos dias, historicamente incomparável aos demais municípios da federação e próspera. Por este trabalho anônimo em prol da saúde e da cultura, por certo, muito contribuíram para sua terra natal, é que hoje o Centro Cultural de São Borja e o Grupo de Estudos “Doutor Antonio Jesus de Andrade”, vêm reconhecer os valores de nosso homenageado, concedendo-lhe nosso prêmio maior o Troféu Roquito, confeccionado pelo artista plástico Rossini Rodrigues.


São Borja, 29 de agosto de 2008.
*Pesquisador

CONSELHO DE PROTEÇÃO DO PATRIMÕNIO HISTÓRICO E CULTURA DE SÃO BORJA

  CONSELHO DE PROTEÇÃO DO PATRIMÕNIO HISTÓRICO E CULTURA DE SÃO BORJA

Parecer nº001/set/2010

Assunto: JOSÉ BORGES DO CANTO

Considerado pela historiografia como o conquistador das missões, teve um papel de destaque no período de 1801, quando da conquista do território das missões, aqui nos reportamos em especial aos seus feitos por São Borja, espaço este criado a partir de 1682 onde se iniciou o processo de criação do que seria mais tarde lá pelo ano de 1690 o povo de São Borja, organizado após a primeira fase das Missões Orientais, que haviam sido derrocadas pela invasão dos bandeirantes, que as destruíram totalmente.

São Borja, povoada por índios reduzidos, sob a jurisdição social dos jesuítas e tutela política da Espanha, passou a domínio português no ano de 1801, através da conquista do Território das Missões por Borges do Canto, Gabriel de Almeida e Manoel dos Santos Pedroso. Foi pela distribuição das sesmarias aos soldados e colonos portugueses, que se iniciou efetivamente o povoado sob o cetro da coroa portuguesa.

Biografia:[1]
Borges do Canto nasceu em 17 de fevereiro de 1775, em Rio Pardo. Seu pai era Francisco Borges do Canto, descendente da Ilha de São Miguel, nos Açores. Sua mãe chamava-se Eugênia Francisca de Souza, era natural da Colônia do Sacramento e faleceu em 1801.

Seus tios, assim como seu pai, eram lagunenses de nascimento, que constituíram uma grande família e vieram para Rio Pardo. Em 1791, com 16 anos, José Borges do Canto foi incorporado como soldado à 8ª Companhia do Regimento de Dragões em Rio Pardo. Em 1793, com 18 anos, desertou do Regimento de Dragões, deslocando-se para a Campanha do Rio Grande de São Pedro.

No que se refere à família de José Borges do Canto, é possível verificar que este possuía dez irmãos de pai e mãe e, somente uma irmã de outro casamento de seu pai. São eles: Rosaura Francisca, Bernardo José do Canto, Francisca Margarida, Joaquina Francisca, Esméria, Francisco Borges do Canto, João Borges do Canto, Manuel Borges do Canto, Ana e Maria Francisca, todos filhos do primeiro matrimônio. Um ano após a morte de D. Eugênia Francisca, Francisco Borges do Canto consumou o segundo matrimônio com Feliciana Rosa de Jesus, tendo uma filha, chamada Alexandrina.

Quando desertou do Regimento de Dragões, Borges do Canto permaneceu na Campanha do Rio Grande de São Pedro por vários anos, juntamente com índios gentios Charruas, Minuanos, Yarós, refugiados e criminosos de diferentes regiões, praticando o contrabando do gado oriundo da campanha espanhola e também fazendo saques contra comunidades existentes na campanha, proporcionando, assim as chamadas “pilhagens”.

No que se refere aos interesses defendidos por Borges do Canto, percebe-se que existiu uma dualidade, ou seja, ao mesmo tempo em que Borges do Canto conquistava novas terras para a coroa portuguesa, também defendia seus interesses particulares, referentes ao número de capital, possibilitando a ele e aos seus familiares uma ascensão social perante a sociedade do século XIX.

Foi através de uma numerosa família, que os Borges do Canto uniram-se, ou seja, com o casamento arranjado com outras famílias, se tornaram um dos mais importantes núcleos familiares sul-rio-grandenses. Desses casamentos surgiram numerosas famílias, como: os Cunha e Souza, os Meirelles, o Padre João de Santa Bárbara, os Silveira Peixoto, os Domingos, os Baltazar de Bem, os Borges de Medeiros, os Câmara Canto e outros.

A parceria entre José Borges do Canto, Manoel dos Santos Pedroso e Gabriel Ribeiro de Almeida, que constituíam o chamado pelotão de gaudérios sulinos, que marcaram a história da Província do Rio Grande de São Pedro em meados do século XIX.

Justificativa:
Vários estudiosos que se dedicaram a historiografia da ocupação do território das Missões, antes e depois da conquista, são unânimes em afirmar que Borges do Canto, além de desertor era contrabandista, contudo estes mesmos historiadores reconhecem a legitimidade da conquista do território das Missões por José Borges do Canto e sua vida particular torna-se irrelevante diante do fato histórico.
Assim anuncia o jornalista, historiador e escritor Roberto Rossi Jung, em sua obra A Odisséia de José Borges do Canto – O Conquistador das Missões, na primeira orelha do referido livro.
José Borges do Canto e sua comparsa de 40 intrépidos salteadores, semil ao épico de Scherazade – Ali Babá e os 40 ladrões – numa patriotada bem sucedida empurraram as fronteiras luso-brasileiras até as margens do rio Uruguai, aumentando em quase um terço o território da então Capitania do Rio Grande de São Pedro, dando a configuração atual do nosso Estado.
Sua vida pessoal, sua atividade como contrabandista, donde pese as narrativas passam a depor em seu favor, considerando a façanha, que levou Borges do Canto, a alcunha de “Conquistador das Missões”, e, para tanto, somos justos em reconhecer seus atributos guerreiros, estrategista implacável e profundo conhecedor da Região, onde foi o teatro de suas operações de conquista.
Existem vários aspectos a ser considerado na conquista das Missões, o que influenciaram no empreendimento bem sucedido de Borges do Canto:
- O momento histórico de Guerra na Europa entre Portugal e Espanha, chamada de guerra das laranjas;
- Os ventos de liberdades que sopravam na América Platina, a forte influencia do caudilho Artigas;
- O espírito de brasilidade que motivou o conquistador para empreender tão arrojado projeto;
- A participação de seus companheiros inseparáveis os índios Xiru e Itaqui e a liderança para formação de um exército onde a grande maioria era indígena;
- Caciques José Boroné, Stevão Atamani, Miguel Antonio, Vicente Tiraporé, José Guarupui, entre outros...
- Reconhecer a participação decisiva do índio na conquista;
- A audácia de Borjes do Canto, quando enfrentou o Comandante das forças imperiais, sediados em Rio Pardo, quando poderia ter sido simplesmente preso por ser um desertor;
- A coragem para enfrentar o Exército espanhol com suas comandâncias instaladas no território missioneiro;
- E, após conquista as transformações sociais, econômicas, geopolítica, a ocupação da terra, vinda de um governo laico espanhol para um governo laico luso-brasileiro;
- A colonização do Estado pela privatização da terra com a distribuição de sesmaria, num sistema capitalista.

CONCLUSÃO
O desprendimento de Borges do Canto em não aceitar salário, nem antes nem depois de ter recebido a patente de Capitão do Exército Imperial, nem sesmarias de Terras, tudo julgou desnecessário, menos a liberdade. Da liberdade não abriu mão, pois não existia fronteira para seu galopar, tanto nas margens orientais como nas margens ocidentais do grande rio Uruguai, ora nas Missões, ora no Uruguai e ora na Argentina.
Preferiu voltar fazer o que fazia antes, ele e seus dois inseparáveis amigos, Xirú e Itaqui, mas numa situação bem diferente, pois antes todos o tratavam como tal e depois da conquista, todos os Castelhanos eram seus inimigos, ele contra todos. Vindo a morrer pela causa que abraçou e a sua vitória lhe custou a sua própria vida.
Foi vítima de uma covarde emboscada, arquitetada por um espanhol, por ele ferido em combate, num momento de descuido foi morto a tiros de mosquetão, cobrindo a terra com um manto vermelho de sangue, como a selar seu juramento de amor a liberdade e morrer pela sua Pátria. Dois atributos, entre tantos, a liberdade e o patriotismo.
Esta seria uma pequena justificativa para a pretensão que temos de recuperar a memória de José Borges do Canto, propondo que seja erigido um Monumento, compreendendo a figura principal do herói e de seu dois índios inseparáveis. Esta justificativa feita para tentar reconhecer e projetar um pouco dos méritos de José Borges do Canto, o Conquistador das Missões, no sentido de começar saldar a dívida de gratidão, da qual somos todos devedores, eternizando, também, no bronze sua memória e de seus inseparáveis companheiros Xiru e Itaqui.
A eles devemos o fato de ser cidadão de uma São Borja Brasileira, pois sua invasão as missões praticamente legitima os portugueses como verdadeiros donos desta terra, claro que o tratado de Madri já o tinha feito, mas a consolidação deu-se com este personagem histórico.
 Somos de parecer favorável a qualquer empreendimento que recupere a memória deste vulto histórico ou de outro personagem que possa ter influenciado na identidade de São Borja, terra das Missões e dos Presidentes.

São Borja, 21 de outubro de 2010.

Ramão Carmos Rodrigues Aguilar,
Ronaldo Bernardino Colvero
Membros, do Conselho de Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural de São Borja.

Fonte:  
- Jornalista, historiador e escritor Roberto Rossi Jung, em sua obra A Odisséia de José Borges do Canto – O Conquistador das Missões;
-Historiador Amaral Flores em sua obra a História de São Borja.
- Monográfia de Graduação de Astrogildo Chaves Pires (Urcamp, 2007)
- Negócios na Madrugada, Ronaldo B. Colvero. (UPF, 2004).



[1] PIRES, Astrogildo Chaves, COLVERO, Ronaldo B. Borges do Canto e a Invasão as Missões. Trabalho apresentado no Congrega em 2007, este trabalho recebeu premiação. São Gabriel – RS.