domingo, 10 de fevereiro de 2019

O MUDINHO DE SÃO BORJA

“O MUDINHO DE SÃO BORJA” O DIA MAIS FELIZ DO “MUDINHO” Para eu que frequentei o centro de São Borja, desde meus quinze anos, embora morasse no Passo; trabalhava e estudava no Centro, era comum ver o “Mudinho”, transitando em volta da Praça XV de Novembro. Embora não falasse se relacionava muito bem com as pessoas, muito simpático e divertido. Visitava, diariamente, as Lojas Comerciais, a Casa Lorde de Jorge Flores de Vargas, Casa Amilíbia de Sary Amilíbia e tantas outras; sempre bem recebido, depois ficava zanzando na Praça ou sentado debaixo da seringueira fazendo companhia para o saudoso Toco (taxista). São Borja, em 1982, completava 300 anos de fundação histórica e desenvolvia uma programação intensa, envolvendo todas as Entidades sociais, tradicionalistas... O Centro Nativista Boitatá, entre outros eventos, ficou encarregado juntamente com o C.T.G. Tropilha Crioula de organizar “As Cavalhadas”. Era um sábado à tarde os ensaios e fui convidado para assistir. Na hora da saída, passando em frente ao Sindicato Rural encontrei o “Mudinho”, bem pilchado e o levei para o referido ensaio. Chegando ao local nos deparamos com um número expressivos de cavalarianos, divididos entre Mouros e Cristãos, que logo partiram para a o treinamento, usando espada e revólver (revólver de espoleta). Na simulada batalha, no entrechoque das lutas, ora ao tinir das espadas no combate frontal, ora no tiroteio ente Mouros e Cristãos, o “Mudinho” a tudo assistira com os olhos regalados de felicidades; ria, dava com os braços, sapateava, quando por ele passavam os cavalarianos, se digladiando em volta da pista. Alternando as vantagens entre eles, de quando em vez a galope, num tiroteio serrado atrás dos Cristãos para o delírio do “Mudinho”. Terminado o ensaio o sol ia caindo no horizonte, hora de retornar, mas uma coisa me marcou: pareceu-me que foi a tarde mais feliz para o “Mudinho”, identificado pelo traje e usos e costumes do gaúcho, embora ele não pudesse expressar essa felicidade através da palavra deixou bem claro donde veio. Depois desse dia, toda a vez que o encontrava, ele me sorria estendia o dedo indicador da mão esquerda e com os dedos indicador e maior da mão direita fazia o gesto de montar a cavalo rememorando o ensaio das Cavalgadas e dava risada. São Borja, 11/08/2018. Ramão Rodrigues Aguilar.

Um comentário:

  1. oi, Ramão, estou tentando contato contigo. Mandei recadinho pelo messenger. Abraços para a família! Ana Carolina.

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